quarta-feira, 29 de julho de 2009

e tem gente que reclama que chove há tanto tempo, há tanto tempo que chove que revi uma cena do cem anos e os peixes atravessavam a casa pelo ar. atravessavam ou poderiam atravessar, não me lembro. a gente reclama que não tem sol, a gente acha que amanhã o dia limpa e o jornal me encheu de suspeitas quando disse que a umidade ia diminuir.

eu faço tudo errado e estou errando agora, nesse exato momento brilhoso dessa manhã cinza de quarta-feira. eu faço tudo errado porque eu gosto, porque eu sei que dá. certo é duvidoso, primeiro lugar com medalha pintada de ouro e um abraço da mamãe, do papai, da tia e da professora. era domingo e eu corri até quando pude e cheguei em último lugar e ninguém veio dizer seu merda, ninguém veio dizer pra tentar de novo.

era junho ou julho e há quantos anos é junho ou julho, repetidamente. por isso a gente espera o sol, o céu limpo e algum vento gelado que venha chicotear gostosamente as orelhas, só pra lembrar que é junho ou julho ou era junho ou julho naquela vez que. fazia frio.

se eu soubesse de astrologia, o que faria com isso? se eu soubesse de galanteios e de paixões.

eu ando voando baixo, mas voando. e o vôo é tão só meu que dá vontade de compartilhar: tá aqui, voa um pouco junto. mas não. não deve vir. e se vier, o meu aviãozinho fica pesado e cai, ele voa baixo. ou não. uma corrente de ar quente?

eu vi um raio de sol. EU VI A PORRA DO SOL DEPOIS DE TUDO ISSO!

e faz vento dentro de mim.