sexta-feira, 3 de julho de 2009

eu sei que ando distante. é que os olhos dela são duas borboletas. e eu abraço um abraço (imaginário) quente e confortável. sabe que horas são? daí que minhas costas dóem e eu me canso da palavra. mas a gente, escreve, né! a gente sempre volta a escrever, porque eu tava pensando e cheguei à conclusão que a gente escreve porque não tem mais nada interessante e bonito e gostoso pra fazer. tivesse, tava lá fazendo! mas como as minhas costas dóem e eu não tenho lá muito o que fazer de bom, fico aqui dando voltas em torno de um assunto que não tomaria três linhas se eu fosse direto. é esse o segredo da literatura: ficar andando em círculos. meu irmão me contou outro dia que a gente anda naturalmente em círculos porque uma perna sempre é mais ativa que a outra. então se a gente se perde num campo aberto onde não dê pra enxergar nada por causa da neblina e insistir em caminhar, a gente vai andar em círculos. disse ele que isso aconteceu e eu realmente acreditei, mas acho que o andar em círculos dele não tem muito a ver com o meu andar em círculos. eu falo de outra coisa, eu falo disso aqui, ó! que tá sempre na nossa frente e gente volta e meia faz de conta que não vê: o espelho. narciso devia ser muito bonito mesmo, aquele panaca! e agora que eu sou gente grande comecei a ler joyce e tenho gostado um tanto. tive de deixar o hesse por causa do joyce. e eu nunca li um hesse inteiro. mas eu sempre volto, sempre folheio novamente o lobo da estepe e agora certamente que farei o mesmo com o sidarta, que me soa um grande livro. e é isso, tá aqui a prova: andar em círculo na literatura, na vida, no amor. é que a terra é redonda, né! vai ver é por isso...

Um comentário:

tutaméia disse...

auto-reflexo
Pode até inutilmente fechar as pálpebras que cobrem teus olhos, que as mesmas tratam de refletir tantas imagens em seu pensamento que quanto mais esforço faz para tentar por horas apagá-las, mais longe as imagens deslizam, emaranhando-as numa muda teia, dentro de si. Teia essa tecida por ti, a cada célula que se renova.

Cabe entrar em si. Oras pra sentir a dor dum silêncio assustador, oras se atentando àquele simples prazer que se esconde lá atrás de cada empurrar de dia.

Na escuridão, frágil são aqueles que não se atentam ao som do vento das asas de uma mariposa...

Aguçado gosto doce das águas da cachoeira.



Não basta fechar os olhos pra tentar entender tua mutação.

Sentir esse extraordinário movimento da vida requer maturação muda.

Atento aos prazeres que cabem somente no reflexo de você