quarta-feira, 26 de junho de 2013

foi o millôr quem disse que quando tava todo mundo crente que o brasil ia, daí choveu.

não são as pilhas de roupa que não se lavam sozinhas, não são as toalhas que não secam, não é a fumaça do cigarro que se estende fotograficamente pelo ar.

também não é o frio, o inimigo invisível que mataria joquim ao fim de uma canção de rebeldia e esperança - joquim, que era parte daquele brasil que ia, o mesmo do millôr.

não é dormir tarde lendo marx nem malinowski nem hobbes nem o diabo.

não é nada com o fim de mês, não.

não é nada de nada, na real.

mas eu queria que fosse! ah, como eu queria que fosse algo a que eu pudesse culpar direta e/ou indiretamente pelo que me ocorre todas as noites, todas as manhãs e que ficará turvo durante todo o dia quando, afinal, a vida será vivida com um mínimo de incômodo, prazer ou dor.

eu queria um norte ou uma morte atrás da qual me apoiar. eu diria: porque sim! porque não! por que não? será?

haverá estrelas atrás desse céu tão cinza? sol? haverá mesmo um céu?

não são os sonhos de menino que aprendi cedo a dessonhar. acordar, nunca. caminho livre entre o sono profundo e a realidade imediata, a hora de acordar para ir ao trabalho: uma pasmaceira, na verdade. um bocejar preguiçoso, prolongado.

outro dia alguém disse que eu tinha a cara dos 80's. tenho os dois pés por lá. por aqui, não caminho. salto!

e o outro lado é um lugar muito distante para ser alcançado tão de imediato.



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